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O Menino do Telhado - Xamanismo

O Menino do Telhado

 

O Menino do Telhado
Léo Artese

UM LIVRO ABERTO…COM ALGUMAS PÁGINAS ARRANCADAS

Quando comecei a escrever este texto, estava em  plena recuperação de uma cirurgia, que extraiu minha tiroide devido a um carcinoma (câncer) papilífero em 22 de março de 2006, que me motivou a escrever, e a rever, a minha vida, meus hábitos, minha fé.

Compartilho um pouco essa revisão,para compreensão de como cheguei até este ponto do meu estudo com o xamanismo. As sincronicidades, os prenúncios, as congruências.  Este texto estará no primeiro capítulo de um próximo livro, que trará “palavras do meu coração”.

As paginas rasgadas nesta apresentação, são flashes de minha vida que serão omitidos. Uma porque seria tempo demais de leitura numa história de vida, e você que veio saber sobre xamanismo, outra porque poderia comprometer e aborrecer as pessoas de meus relacionamentos. Quanto ao tema : Xamanismo não tem páginas rasgadas e sim um trabalho desenvolvido desde o início dos anos 90. Escrevo como um “eterno aprendiz” o que encontrei espalhado em muitos livros, condutores, filmes, experiências, práticas, e desse conhecimento acumulado poder tirar a essência de um Xamanismo Universal.

O Início

Entro no túnel do tempo para ver o início. Nasci de parteira, um parto um tanto complicado, meu pai, Sr. Léo, ajudando, desmaiou e teve icterícia após o parto.  Foi difícil e doloroso para minha mãe, D. Nair, para mim e creio que para todos. Quando nasci estava envolto com uma pele nas costas (não sei se era a placenta). A explicação que recebi depois é que eu tinha nascido “empelicado” (com uma segunda pele) . Tem um pensamento que quem nasce assim tem dua vidas, vive dois mundos uma vida ordinária e uma mágica. Tive que fazer umas raspagens que me deixaram marcas vermelhas nas costas até hoje. Também nasci com o dedo mindinho direito inteiro, parecido com queimaduras de limão ao sol. Meus pais sempre foram muito amorosos, faziam de tudo por mim.

Por volta dos 8 meses tive uma desidratação severa(segundo o médico da época), fiquei desenganado. Meus lábios já estavam ficando roxos. A opção do médico era lancetar meus ouvidos, devido aos coágulos, como ultima chance, o que traria um grande risco de perder a audição. Nessa situação minha mãe procurou uma médium, que se tornou a melhor amiga de minha mãe,  a Cidinha, uma médium que incorporava a entidade  de uma enfermeira: Irmã Éster.

Ela foi em casa incorporou a entidade, me examinou e disse para a mim mãe:

Não vai morrer não mãe! Ele tem muita coisa importante para fazer na vida! 

Minha mãe conta que eu não dormia direito, vivia chorando, devido a dor de ouvido, estava bem magrinho…Só da entidade  pegar-me no colo eu me acalmei. Ela, a entidade, foi até a cozinha…Pegou uma colher e na boca do fogão esquentou azeite, alho e um galinho de arruda. Depois colocou nos meus ouvidos com um algodão  e deu um passe e finalmente eu consegui dormir. No dia seguinte  pela manhã, escorreu bastante de um liquido negro de meus ouvidos. Minha mãe ao me ver achou que eu tivesse morrido, pois eu não despertava (deveria ser muito sono acumulado), levou-me ao médico, deixou-0 espantado, pois eu estava curado. Ele perguntava para mim mãe o que ela havia feito, o que havia acontecido.  Então eu tenho o maior respeito e agradecimento pelos espíritos, médiuns e obreiros da luz…Eu fui curado pelos espíritos…com rezas.

Aos 2 anos de idade tive bronquite, ou asma, que me mandou, por diversas vezes, ao balão de oxigênio. Minha mãe fez de tudo para me curar! Desde médicos, vacinas, simpatias, até tartarugas debaixo da cama. Ela me contou que eu tive que tomar muito bismuto. Eu me lembro quando era mais garotinho de muitas noites que passei com minha mãe ao lado de minha cama me abanando para diminuir a falta de ar. O remédio da época era xarope e supositório (eu odiava).  Teve uma época em que eu tomava uma injeção um dia sim e outro não.

Segundo minha mãe Dona Nair, passei por muitas doenças infantis, catapora, sarampo, caxumba, tosse comprida e sempre a bronquite. Um dos tratamentos de bronquite era de não poder tomar gelado e comer chocolate, não tomar leite condensado (eu adorava sorvete de chocolate e leite condensado) e outros.

Numa das das inúmeras tentativas que minha fez para me curar, ela levou-me a um médium que recebia o espírito do Dr. Fritz, uma entidade que fazia curas , cirurgias sem nenhuma anestesia. Através do médium, Dr. Fritz extraiu as amígdalas do meu primo e fez uma outra cirurgia em minha prima. Quando chegou a minha vez eu estava com muito medo, nem conseguia falar. Fui colocado sem camisa numa maca e via do meu lados umas facas, tesoura, até que chega o médium incorporado pelo Dr. Fritz, me examina , vira para a minha mãe e disse que meu caso não era de cirurgia. Que era algo que eu deveria conviver, aprender e me curar com o tempo. Foi um alívio eu levantei e dei um abraço feliz na entidade.

Tudo isso não impedia que eu fosse uma criança muito alegre, e como eles diziam “muita arteira”. Meu avós (nonos) Antônio e Amélia eram meus vizinhos, eu os adorava. Meu avô era macarroneiro, juntamente com a minha avó. Eram uma delícia aquele macarrão tricolore. Não conheci o meu avô Léo Artese, italiano da Calábria, que faleceu quando meu pai tinha 14 anos, mas a avó vegetariana, Iracema viveu até os 100 anos. Lembro-me que minha mãe tinha muito medo que eu saísse na rua, mas eu sempre fugia. Para não escapar para a rua minha mãe chegou a tirar a minha roupa, e eu sai com uma toalha enrolada nu mesmo. Em outra ocasião ela amarrou minhas pernas, e eu desci a escada, deslizando com a bunda e as pernas, como uma cobra. Era duro me segurar.

Dividia um quarto com minha querida irmã, a Neusa (a Maga do Chocolate), dez anos mais velha, que foi a minha segunda mãe. Eram duas casas conjugadas, tinha a casa “A” que era no alto e a casa “B “ no térreo. Eu morava no alto. A pressão para não sair toda a hora nas ruas e o fechamento constante das portas fez com que eu desenvolvesse uma habilidade de subir em árvores e telhados. Eu subia pelo quintal no telhado de minha casa e ia andando de casa em casa por telhados, até achar uma árvore que me levasse ao chão. Imagine isso numa criança à partir aos 7 anos de idade ! Ninguém me segurava ! Gostava muito de pregar peças nas pessoas, montar armadilhas, jogar coisas lá de cima e de criar personagens.  Eu tinha um ratinho de borracha que eu pendurava com um fio de nylon que ficava no  fio do post elétrico,  e do telhado, quando as pessoas passavam eu puxava o fio e o ratinho dava o recado.  Quando eu ia apanhar por minhas travessuras..oooopa…Telhado! Ninguém me pegava…Era um Espaço Sagrado de proteção total! Eu…e os gatos! Ficava vendo minha irmã chegando com o namorado…meu pai chegar…O telhado foi parte do meu mundo! Eu tinha a liberdade total de ir para onde eu quisesse, na casa de quem eu quisesse. Podia xingar quem eu quisesse!

Nessa época minha mãe era manicure, ajudava nas despesas de casa e meu pai foi forçado a ser administrador. Ele, na verdade era locutor de rádio, seu nome artístico era Léo Reis, ou Reis, como era conhecido.  Trabalhou no circo do Mazaropi, na Mairinque Veiga no Rio de Janeiro e na Bandeirantes em São Paulo. Na época um radialista ganhava muito pouco e ele abandonou a carreira para montar com alguns sócios e gerenciar uma boite em São Paulo, o Restaurante e Boite Jangada, na av. Indianópolis – Ibirapuera, onde cantavam os destaques da MPB da época. Depois, por mim e pela minha mãe (vida noturna não é mole?), montou com sócios uma olaria e faliu, vindo a exercer as funções de administrador de empresas.

Lembro-me que gostava muito de brincar com animais de borracha, eram os meu preferidos. Eu fazia o meu próprio zoológico e já falava pelos animais. Fico contente hoje de poder ter escrito um livro em homenagem a eles “O Espírito Animal”. Não suportava nenhum tipo de violência que fosse cometida com qualquer tipo de animal, até mesmo ratos.

Independentemente das privações, que a asma me trazia, eu levava uma vida normal, fazia muitas brincadeiras, tinha muitos amigos na rua e na escola. Era também bastante briguento. Gostava de lutar. Isso fez com que, logo cedo, meu pai me matriculasse no judô. A forma de lidar com o “bullying” na minha época era diferente! Eu era um loiro de olhos verdes que as meninas gostavam de conversar. Dai o pessoal começava a me chamar de “De Leite”, porque era branquinho e começavam a querem me apavorar. Meu pai era meu herói, ele tinha me dado uma instrução: Se vierem mexer com você manda um soco na cara! Nós brincávamos muito de lutar e ele ia me passando alguns golpes que conhecia da “malandragem do Rio de Janeiro” (Ele morou uma época na Lapa do RJ) E completava: Se o cara for maior, pega um pau, uma pedra e machuca ele, pois ele nunca mais vai se meter com você. Não traga desaforo para casa.  E eu seguia isso firmemente! Cara maior eu arranhava, mordia, enfia o dedo no olho…não tinha história…me machucava, mas deixava machucado também. Até que um dia os caras maiores do bairro decidiram me pegar. Eu estava brincando na vila, e chegou um, depois dois…Creio que eram cinco ao todo. A vila em casa, na Ruda Coriolano na Lapa, só ficavam os velhos, pois todos os outros trabalhavam. Dai os caras vieram para cima de mim, me imobilizaram e começaram a querem  baixar as minhas calças…Eu gritava e ninguém aparecia…Até que…derrepente…Por um desses mistérios da vida, o Cidão estava chegando muito mais cedo do trabalho e viu a cena. Foi um chamado! Quando ele chegou a primeira coisa que fez foi mandar um tapa no meio da cara do grandão que estava tentando tirar a minha calça…dai todo mundo parou! Ele chegou para mim e falou: Agora Léozinho vai lá e mete a mão nesse miserável…Se você não for eu bato em você! E o resto vai ficar aqui vendo tudo quietinho senão vai se ver comigo!  Para mim foi um êxtase! Eu fui lá e dei tanta porrada…tanta porrada que doía até minhas mãos…Resultado: O grandão e qualquer um de sua turma quando andavam pela mesma rua, mudavam de calçada.  Assim eu me livrei dos bullyings Não estou dizendo que este é o jeito correto, mas era a forma que tínhamos na época de poder enfrentar os desafios da infância. O que quero destacar é que sempre, nos meus momentos difíceis, algo mágico acontecia!

Minha mãe, entre vários dotes (costurava, cozinhava, trico, crochê, bordados, fazia bolos e doces de aniversários, etc) era benzedeira, benzia quebrante. Antes dela fazer a passagem deste plano de consciência, ela me passou numa noite de São João, a benção e a prece para rezar contra quebranto.  Meus padrinhos Cidão de Xangô e Yolanda realizam sessões espíritas em casa e depois de um tempo meu pai, que vivia achando o espiritismo uma bobagem, foi pego e se converteu, tornando-se médium e realizando trabalhos semanais em nossa casa. E, por uma herança mística, eu desde criança, já falava e sonhava com espíritos.

Certa noite, não sei ao certo se tinha 10 ou  11 anos, dormindo em meu quarto, sonhei com um grande pássaro no pé da minha cama. Ao despertar, lá estava ele, no pé da cama um enorme pássaro de formas brilhantes. Nesse momento lembro-me que mal podia respirar, até que o pássaro ergueu suas asas como se fosse levantar vôo. Fechei os meus olhos e me pus a gritar com vontade, até que  para minha salvação, minha mãe entrou no quarto. Já adulto esse pássaro me aparece como uma águia, que hoje inspira o meu trabalho espiritual.

Minha casa por muito anos foi um Centro espírita.  Os trabalhos eram feitos na sala exatamente abaixo do meu  quarto. Tínhamos sessões todos as semanas. Eu sentava no colo dos meus tios incorporados, principalmente do Cidão…Um dia minha mãe na sessão foi me tirar do colo do “Pai Salongue” um preto velho incorporado pelo Cidão . E a entidade respondeu…Deixa ele! Que ele tem autorização!  Também eu  surpreendia meus familiares por imitar, com perfeição, as entidades do plano espiritual…alguns até achavam que eu estava incorporado. Dai minha mãe foi falar com o Cidão que estava preocupada porque eu ficava brincando com  as entidades…E recebeu como resposta: Deixa ele…Ele pode!

Meu pai enchia a casa semanalmente com sessões espíritas. Eu sabia rezar desde pequeno a Prece de Caritas, e algumas vezes me colocavam para rezar na sessão, participando da abertura da sessão. Quando completei 11 anos, ganhei de meu pai um atabaque, e a partir de então tocava, os pontos cantados com ele nas sessões. . Meu tio Cidão, foi o primeiro Mestre que tive no caminho espiritual do meu caminho, sai junto com ele para fazer despachos, aprendi a fazer as comidas dos santos.

Desde menino parte de minha vida era espirita e numa época onde as crianças tinham medo de fantasmas, eu convidava os fantasmas para brincarem comigo.

Continua em Descendo do Telhado…

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