Kokopelli

No auge do verão, muitas culturas nativas celebram uma figura icônica conhecida como Kokopelli. Essa deidade misteriosa tem sido tema de muita pesquisa, e os arqueólogos descobriram inscrições em rochas, que datam aproximadamente de 3.000 anos, representando Kokopelli nas antigas ruínas de Anasazi.

Kokopelli é, acima de tudo, um símbolo de fertilidade. Nas inscrições rupestres, ele é retratado de forma peculiar, mais assemelhando-se a um inseto do que a um homem. As lendas e mitos que cercam Kokopelli são especialmente ricos entre os povos Zuni e Hopi, originários do sudoeste dos Estados Unidos, no Novo México.

Uma lenda particularmente notável desses povos descreve Kokopelli como uma figura que carrega a cura e a fertilidade consigo. Conta-se que dois povos-insetos ancestrais foram feridos por flechas de uma águia, mas conseguiram se curar através da música de suas flautas, que também emanava calor. A semelhança desses povos-insetos com Kokopelli e sua esposa, Kokopelli-mana, é notável, e a flauta se torna, assim, um símbolo poderoso de cura.

Kokopelli é visto como um menestrel divino que percorre diversas aldeias tocando sua flauta. Diz-se que ele tem o poder de afastar a tristeza com suas melodias envolventes e até de suavizar os longos e rigorosos invernos, trazendo calor e vida.

De acordo com a tradição Hopi, a corcunda distintiva de Kokopelli, na verdade, representa um saco de sementes. Esse saco é repleto de sementes de todas as plantas do mundo. Kokopelli viaja de aldeia em aldeia, espalhando essas sementes na terra enquanto toca suas músicas encantadoras. Isso é visto como uma renovação da vida no mundo natural. Casais que desejavam filhos frequentemente rezavam a esta divindade, buscando a graça da maternidade.

Assim, Kokopelli é muito mais do que uma figura folclórica; ele é um símbolo profundo de fertilidade, renovação e cura, enraizado nas crenças e tradições dos povos nativos da América. Suas lendas e mitos ainda ressoam, lembrando-nos da ligação especial entre a música, a natureza e a espiritualidade.

Kokopelli é uma divindade profundamente ligada à fertilidade, ao crescimento e à comunicação. Seu nome, dividido em “Koko” (que significa madeira) e “Pelli” (referente à corcova ou saco de sementes), simboliza sua conexão com a natureza e sua capacidade de extrair calor da terra e da humanidade. Sua presença é frequentemente associada à dádiva da vida para as plantas e animais.

Hoje, Kokopelli é amado e reverenciado por muitos devido à sua lenda inspiradora. Sua imagem é amplamente difundida em várias formas artísticas, como pôsteres, papéis de parede, roupas, pinturas, brasões, bonés, chaveiros, e muito mais. Ele é conhecido como “Aquele que Traz a Alegria” e é celebrado como um místico viajante que espalhava felicidade e alegria por meio de sua música e bom humor.

De acordo com a lenda, a flauta mágica de Kokopelli tem o poder de influenciar animais e a própria terra. Alguns relatos sugerem que sua distintiva corcunda era, na verdade, uma cesta onde ele carregava os problemas das pessoas, afastando-os com sua música e alegria. Kokopelli é considerado detentor da sabedoria das eras e um viajante alegre que oferece lições importantes. Uma das mensagens mais significativas atribuídas a ele é que não devemos levar a vida tão a sério.

A representação visual de Kokopelli pode variar, mas geralmente o descreve como um flautista com uma coroa festiva em sua cabeça, às vezes exibindo genitais masculinos de forma exagerada. As imagens desse personagem encontradas em cerâmicas com mais de dez séculos de idade servem como protótipos para as representações modernas, mantendo viva a sua presença e simbolismo na cultura contemporânea.

A figura de Kokopelli é rica em simbolismo e varia em suas representações. Sua característica mais marcante é a corcova, que pode ser mostrada como um arco cobrindo toda a parte traseira ou apenas a metade inferior. Seus braços geralmente assumem a forma de “V” com os cotovelos apontando para baixo, em direção à terra. Os pés, tanto o dianteiro quanto o traseiro, são representados como uma extensão das linhas do corpo. Sua flauta, que na verdade é uma flauta nasal, é frequentemente retratada como uma linha reta ou par de linhas retas, embora às vezes possa ser curva, lembrando a extremidade de um clarinete.

A crista festiva na cabeça de Kokopelli, que pode conter um número uniforme de elementos, é frequentemente associada às antenas emparelhadas de um gafanhoto, especialmente na cultura dos Pueblos. Quando representado no “mundo espiritual”, Kokopelli é exibido com penas na cabeça, e em outras descrições, essa crista é interpretada como raios de luz.

O falo de Kokopelli simboliza as sementes férteis da reprodução humana e, geralmente, se projeta para cima a partir da parte inferior do corpo, sendo representado como uma única linha ou seta.

Kokopelli continua a ser reverenciado até hoje por descendentes dos nativos americanos, como os povos Hopi, Taos e Acoma Pueblo. Ele é uma das imagens mais intrigantes e amplamente difundidas da antiga mitologia nativa a sobreviver até os tempos modernos. Sua natureza é alegre e inspiradora, levando as pessoas a expressarem o que têm de melhor. Ele é uma figura carismática, frequentemente encontrada em contos, representações de atores, músicos, artistas e artesãos ao longo de milhares de anos. Muitos ainda acreditam em suas propriedades mágicas.

Kokopelli é descrito de várias maneiras, incluindo como um sábio, mágico, contador de histórias, enganador, curador, professor, comerciante e até mesmo um Deus da Colheita. No entanto, o ponto unificador é seu poder de fertilidade, associado ao sucesso nas colheitas, crescimento e concepção humana. Ele era frequentemente evocado durante o plantio do milho para garantir uma colheita abundante. Os Navajos o consideram o Deus da Colheita e da Abundância, enquanto os Zuni o veem como um sacerdote da chuva. Para outros, ele é um guia espiritual com notáveis poderes de cura.

Segundo uma antiga lenda, Kokopelli traz boa sorte e prosperidade a todos que ouvem suas músicas. Sua flauta mágica carrega a pureza e a espiritualidade da música, e suas canções têm o poder de transformar o ambiente, trazendo alegria, derretendo a neve, fazendo a grama crescer e encorajando os pássaros a cantar. Quando ele toca sua flauta, a natureza se desperta, preparando a terra para receber suas sementes. Além disso, a magia de sua flauta estimula a criatividade e inspira sonhos felizes.

Estudemos agora o que Jamie Sams, na Cartas do Caminho Sagrado, conta sobre Kokopelli :

 

” Kokopelli era um brioso Tolteca que chegou a Aztlán vindo co coração do México. Aztlán foi o local onde se originou a poderosa nação Azteca antes que ela construísse sua capital no meio de um lago, numa ilha conhecida hoje em dia como Cida do México. A fronteira norte de Aztlán ficava ao sul do Colorado e cobria todo o vale do Rio Grande no Novo México. Aztlán era povoada  pelas pacíficas nações dos Pueblos. esses Pueblos eram fazendeiros e habitavam as encostas das montanhas. Dependiam dos Sêres-Trovão e do Arco-Ìris Rodopiante para alimentar as Três irmãos – Milho, Abóbora e Feijão – que garantiam sua sobrevivência.

O nome de Kokopelli evoca muitos mitos e lendas. Todas as histórias concordam numa coisa: ele tocava flauta índia. Diziam que sua música trazia fertilidade para a Terra e o Povo. A zona onde ele era cultuado, que vai do Sul do México às regiões do sul do Colorado, é marcada por pedras com a imagem de um flautista corcunda. sua vida era contada com tintas coloridas ao redor de muitas Fogueiras de Conselho, e preces em seu louvor eram entoadas em inúmeros Kivas. As Bonecas Kachina que representam, Kokopelli mostram seu corpo com uma enorme ereção, símbolo dae sua masculinidade e fertilidade.

Dizem que sua semente era sagrada e que sua linhagem gerou crianças dotadas de talentos especiais. Qualquer mulher recolhida por Kokopelli como consorte era honrada no seio de seu povo, pois geraria um filho pertencente à raça dos deuses.

Para melhor compreender os ensinamentos de Kokopelli, deveríamos examinar as nossas próprias idéias de União com o divino. Quando abordamos a nossa vida com confiança, deixando de lado o ceticismo, abrimos espaço para que nossas mentes se tornem um terreno fértil de nossa evolução. este ciclo de crescimento permite que cada um de nós ouça a música de sua própria magia. Cada criatura que vive na Terra é Mágica. Cada um de nós representa uma criação única, que surgiu do Grande Mistério. A partir do momento em que assumimos esta Magia, passamos a encontrar nosso Poder de Cura pessoal, que se manifesta através do uso correto de nossos próprios dons, talentos e habilidades.

Podemos encontrar fertilidade em nossa vida através de uma busca sincera, permitindo que a nossa magia pessoal se expresse de forma criativa e deixando fluir através de nosso Ser, ao invés de bloqueá-la. Kokopelli vive tocando a sua flauta e tecendo a magia de suas canções, fazendo-nos recordar que a magia é, simplesmente, uma mudança pessoal em nosso nível de consciência. Se quisermos plantar sementes que caiam em terreno fértil, devemos transformar nossa visão do mundo, permitindo que os nossos talentos se expressem de forma mais contínua.”

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